A vida...

Autor: Angela G.


Ela era uma pessoa que nunca aceitou sua velhice. Não que mentisse a idade, não o fazia, mas às vezes eu a observava chorar enquanto perdia a capacidade de fazer tudo o que um dia pôde e era triste, como era.
" A vida passa tão rápido, meus amores - ela dizia às crianças - e você se esquece dos relógios às vezes, esses que fazem de tudo para anteciparmos as rugas. Ah! os relógios... "
Teve uma maravilhosa vida essa mulher, acho que por isso ela não consegue aceitar, mas também penso que ela gostaria de ter feito mais, ter ajudado mais, ter sentido mais... na verdade não a conseguia entender !
Tem uma mente extraordinária a mulher! Lembro dela ter-me dito : " ... Ninguém é insubstituível, e os que são não poderiam ser felizes porque jamais conheceriam coisas novas! " - Foi assim que ela me disse pra nunca ser boa demais e eu sorri, quase rindo de algo tão fantástico saindo de uma velha que parecia ser tão perfeccionista.
Nunca teve filhos, teve um marido, morou fora e conheceu o mundo, não era rica, mas elegante, teve uma vida extremamente comum a não ser pelo fato de que quem a conhecia realmente sabia quão interessantes e maravilhosas ideias ela guardava só pra si. Quanto egoísmo eu diria.
A morte não parecia assustá-la, talvez uma certa curiosidade a atingisse, ela só não conseguia esquecer tudo o que um dia conseguiu ter e seguir em frente pra lá se sabe onde...

Assimilar toda a sua vida com a forma natural e comum como tudo deve acontecer talvez seja a coisa mais difícil que um dia você terá que fazer, e aceitar, aceitar que tudo um dia acabará assim como você, e novas coisas acontecerão, pessoas te substituirão, novos caminhos serão abertos e espaços revolucionados, tudo pode ser esquecido e você será, pois nunca mudou a história do mundo e lamenta não ter tirado os pés do chão quando estes já não conseguem se mover.



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